sábado, 27 de agosto de 2016

FRANCISCO DE ASSIS E O VIOLÃO ARTE





Diz a história do cinema nacional que Orson Welles, cineasta americano, na busca da luminosidade ideal para filmar seu longa-metragem "It´s all true!" ("É tudo verdade!") afirmou que os dois lugares privilegiados em luz natural no Brasil eram Jundiaí, em São Paulo, e Várzea Alegre, no Ceará. Welles não conseguiu terminar o seu filme, um pequeno fracasso em uma carreira de grande sucesso mundial, mas Várzea Alegre continua sendo uma terra abençoada com luz e gente maravilhosas. Prova disso é o nosso menestrel Francisco de Assis, que adotou Joinville como sua cidade de morada e trabalho, mas que teve como berço a luminosidade do sertão cearense. Isso mesmo, aquela cidadezinha que encantou o cineasta americano. Na sua meninice, Francisco era parte da vida tranqüila do interior nordestino, sem muitos sustos ou afobações, mas com sonhos de se tornar alguém um dia, quem sabe um médico ou um engenheiro, quem sabe? E antes que a vida respondesse alguma coisa, nosso Francisco faz a primeira de muitas viagens, para casa de um tio em Aiuaba, cidade próxima de Várzea Alegre. Conhece gente daqui, conhece dacolá e de novo pé na estrada, dessa vez de carona até Ponta Grossa, terra dos avós, onde nosso futuro músico inicia uma não muita promissora carreira de comerciante. Entre uma volta e outra à cidade natal, casa-se com uma conterrânea, parceira de estrada e sonoridade até os presentes dias. Enfim, Joinville. Aqui Francisco descobriu sua sonoridade, enquanto trabalhava com vendas no comércio local. Viu-se violonista e buscou o caminho para desenvolver o ofício, tomando contato com a Casa da Cultura de Joinville pela primeira vez aos 24 anos de idade. Musicalidade na cabeça, pinho no punho e pés no chão, receita que só pode terminar em sucesso, em desejo alcançado. Mas não ainda. Resolve ir morar em São Bernardo do Campo, vizinho à paulicéia desvairada, e nisso tome mais 2 anos no Conservatório André Silva Gomes e 3 anos no Conservatório Dó-Ré-Mi, onde a parte instrumental fica mais que lapidada. A esposa entra em cena e o retorno a Joinville transforma-se em realidade. Ao voltar para nossa cidade, Francisco de Assis começa a trabalhar como professor de violão do CSU (Centro Social Urbano) do Iririú, onde coloca sete anos de sua vida no ensino de violão para crianças e adolescentes da comunidade. Realiza neste tempo um concurso para professor de violão do SESC e consegue o lugar. Mais oito anos e meio de pura dedicação ao trabalho de formar novos violonistas, bem como o de se aprofundar em pesquisas sobre métodos de aprendizado do instrumento, lhe valem o reconhecimento como grande músico profissional e o respeito dos joinvillenses por seu método de ensino simples e inovador de aprender a tocar um instrumento tão especial como o violão. Sucesso total e inquestionável. Hora de seguir vôo solo e percorrer novos caminhos, só que desta vez sem deixar a cidade que é sua referência de trabalho e de vida. Ao contrário, trabalhando em seu próprio espaço, com seus alunos, e empregando o seu método de compreender e dominar a magia do instrumento; um instrumento que um dia foi sonho e hoje é uma realidade onde o nosso Francisco tira o incentivo continuar na luta. Para nós, admiradores da boa música, só resta ficar atento para não perder a chance de estar por perto quando mestre Assis resolver dar uma palhinha no seu violão preferido e povoar de sonhos e alegria um momento desses da natureza. Valeu mestre! Com uma voz incomparável 

Marcelo Serpa ANescola Jornal ANoticia 


Nenhum comentário:

Postar um comentário